quarta-feira, 22 de abril de 2009

Livro Negro

A frase escolhida para o texto faz parte do prefácio que abre o livro escrito por Nietzsche para o seu O Anticristo: "Este livro pertence aos homens mais raros. talvez nenhum deles sequer esteja vivo".


Havia, mais ou menos, um ano que ele tinha começado a escrever seu livro de memórias. Mais que memórias, pois continha seus pensamentos ideais sobre o mundo. Na verdade o livro é como se fosse um diário acerca do seu dia-a-dia e do seu novo trabalho. Ele aceitou uma grande oferta de emprego para trabalhar nos Estados Unidos, que muitos do seu país cobiçavam por seu alto cargo. A seleção foi duríssima, dois anos de preparação corporal e espiritual, contando com trezentos homens concorrendo por esta vaga. O trabalho tão concorrido era para piloto de avião de uma famosa companhia aérea americana, American Airlines.

No seu país, onde as agruras da vida são evidentes, uma chance como essa não se devia desperdiçar. O que ele mais desejava era mostrar ao seu povo o seu valor, o reconhecimento como um vitorioso e um homem excelso. Muito apegado a religião, o seu livro, tratando ele desta forma, parecia uma nova visão de mundo, um Alcorão reescrito a seu modo, bem profético, auspicioso e, um tanto quanto, severo.

Quando saiu a lista dos escolhidos, logo ele viu seu nome resplandecendo, solitário e unânime, como um dos vencedores. Ele rezou, após o resultado, três dias agradecendo a Alá. Foi aí que ele decidiu contar toda a sua trajetória. Uniu-se a outros irmãos árabes, que tinham o mesmo intuito e finalidade. Diante disso, alguns meses depois, ouvindo todo o cronograma do labor e coordenadas de atuação em outro mercado e país, partiu para as Américas.

O seu livro devia conter todos os detalhes, pois ele foi incumbido disto. Entre os outros selecionados, era o que ele melhor fazia era saber escrever. E assim o fez.

Ao chegar, tudo já estava preparado para acomodá-lo e auxiliá-lo no que precisasse. Estudou intensamente o inglês. Tudo o que solicitava ele cumpria e registrava. Passou meses se preparando para poder fazer o seu primeiro voo. Sempre muito discreto e comedido. Sempre clamando por Alá, agradecendo o seu destino e a sua escolha. Não estabelecia vínculo com os habitantes de Boston, cidade na qual residiu. Seus contatos e amigos tinham sido os que viajaram com ele. Mantinham foco no que era predestinado pelo profeta. Assim foi.

Eis que é chegado o dia do seu e dos seus irmãos de fazerem o primeiro voo. Na semana anterior a tensão e rezas intensificaram. Muita força, muita força, era o que ele pedia. Ele estava decidido de que faria o seu melhor e não desapontaria o seu povo, o seu Salvador.

Cada qual entrou no seu avião, com suas responsabilidades. Ele assumiu o voo 11 da American Airlines, Boeing 767-223, saída de Boston com destino a Los Angeles. Carregava mais de setenta passageiros. Partiu. Alçou voo nos ares americanos. Tudo corria bem, nos primeiros minutos. Até o momento que ele mudou a rota de destino, avisou os passageiros da situação tempestiva e islâmica. Ele rumou, intrépido, para Nova Iorque. Pouco tempo depois, os passageiros em pânico, gritos ocupando os assentos, e o avião conturbado. Não hesitou e avançou ao prédio americano de maior conceito, World Trade Center. Atingiu o lado norte da monumental construção. Fogo. Espanto. Fim. Não demorou e seu amigo colidiu com o lado sul da torre. Mais de 3234 mortos, no total. Foi a completude do ódio árabe. A força Islã “imperando” sobre o império americano. Assim estava escrito no livro de capa negra e com a marca da Al-Qaeda.

O livro foi achado dentro da mala dele, após o horrendo e marcante acidente, por policiais do F.B.I.. Constava a seguinte assinatura e últimos dizeres no livro:

Dia 11 de setembro de 2001

Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo.



Mohamed Atta.



(VFM)

2 comentários:

  1. Contra Nietzsche, Al-Qaeda e situação islâmica, assista Zeitgeist.
    Tem no Youtube.

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  2. Mto bem escrito meu amigo!!! Gostei mto dessa relação que vc estabeleceu entre o fato e Nietzche. Quem poderia imaginar que esses terroristas tivessem tal conhecimento. Pena fazerem uso disso para um propósito tão estúpido e maléfico.

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