sexta-feira, 28 de maio de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Fraseado


Sempre gostei de anatomia, principalmente a das palavras.
Adoro dissecar uma letra.


(VFM)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Haicais

1.

Totalmente nua,
Assim gostava
De ficar a lua.


2.

A melodia do anjo
Tem o sol e a lua
Como seu arranjo?


(VFM)

NANOCONTO

Partidários

O que você está fazendo é um crime!, disse o poeta parnasiano ao ver o companheiro mudar o soneto para um poema concreto.


(VFM)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Frase


A inveja dos pássaros é saber que um livro pode voar mais alto.


(VFM)

Haicais

1.
O vento tirava cochilo
No desfolhar
Do pulo de um grilo.

2.

O horizonte corta o sol

Por ser seu limite

Uma linha com cerol.

Balão

Flutua e sobe e vai

Se equilibrando

No ritmo de um haicai.

(VFM)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crônica no Tribuna Lagoana

VARIZ


Nunca vou me esquecer do nome dela... Quando eu era pequeno e minha compreensão de mundo ficava atada, como um botão de camisa mal cerzida, ao futebol e a coleção de carrinhos, comecei a ter notícias dela. Lembro da minha avó falando e falando, arranhadamente, da tal Variz. Pelo o que eu entendia, era uma moça baixotinha (conforme o desenho demonstrado com as mãos), batia no máximo nos joelhos. Eu me espantava, pois já me achava reduzido em excesso para a minha idade, mal alcançava a campainha das casas (assim eu media o tamanho das pessoas).

Todo dia quando ocorria o encontro com as amigas da minha avó, uma hora ou outrora, o nome dela pulava das bocas aromatizadas de café e broa. Minha curiosidade só aumentava. As senhoras sempre comentando, na exibição das pernas:

- Olha o que ela fez comigo

E um “NOSSA!”, em coro, ecoava na sala. Eu ficava imaginando como esta menina era má. Tinha até medo de perguntar pra minha avó, pois moleque que coloca olho em conversa de adulto mais tarde queima de pecado ou de chinelo duro. No entanto, eu não me cansava de ouvir sobre ela, Variz.

Teve um dia (escorrega-me a data da lembrança), quando minha avó descia a escada de casa, a caminho da missa, que ouvi seu grito:

- Ai! Maldita Variz!

Encontrava-me no andar de cima. Larguei os carrinhos e, mais rápido que pensamento, corri para acudir. Confesso: queria mesmo era ver a famosa e famigerada Variz. Não adiantou. Eu cheguei esbaforido, mas ela já tinha sumido. Ficou minha avó somente alisando a perna, apresentando uma carranca na cara de dor.

Eu não ia desistir. Ante o desconhecido, algo nela me conquistou. Tive que aprofundar minha bisbilhotice e saber mais sobre a pequena menina.

Na conversa seguinte, ouvi uma das senhoras dizendo que a Dona Silva, a costureira, estava com Variz tinha anos. Pronto! Estalou um sol na cabeça. Já sabia onde ela morava. Iria noutro dia cedo.

De noite, mal dormi. Rolei igual carretel na cama. Nenhum sonho me amarrava. Passei todo tempo imaginando como ela seria. Seus cabelos seriam lisos ou, semelhantes às cartas, embaralhados? Seria realmente má ou só travessa? Fiquei montando meu quebra-cabeça imaginativo e noturno até as pálpebras vestirem os olhos de sono.

Logo cedo, o galo ainda aprontava sua sonata matinal, lá estava eu fascinando os olhos de luz – Esperança! Estiquei-me na cama, feito cobra em pedra quente que se alonga; fui direto fazer as providências da manhã. Mãos, cabelos, rosto, dentes e, claro, estômago (pão na chapa com Toddy). Pus asas nos pés e voei até a casa da Dona Silva.

Como nunca alcançava a campainha, esquentei as mãos batendo palmas. A costureira esticou um olho no vão do vidro quebrado da janela e logo me viu. De linha pendurada no pescoço e agulha na barra da blusa, veio ao meu encontro.

- Diga lá, menino. Tem roupa da sua avó pra mim?
- Tenho não, senhora.
- Que queres que está a retorcer as mãos de nervoso?
- Dona Silva, gostaria de pedir uma coisa. A Variz tá com a senhora?

A costureira sobressaltou-se.

- Que grosseria, menino! Vá-te embora, senão solto os cachorros em cima docê. Vou contar pra sua avó.

Ameaçou avançar e tirar o tamanco de couro. Fugi igual calango de gente quando pisa pesado no chão. Cismei que Variz estava de castigo. Não demorou pra minha avó ficar ciente do acontecido. A ladainha se fez procissão. Papagaio ansioso. Depois de muito ouvir, não resisti em perguntar.

- Desculpe, vó, mas eu só queria conhecer a menina pequena e má que vocês e suas amigas tanto falam, a que gosta de arranhar as pernas, a Variz.

Numa gargalhada, minha avó apontou a perna e disse:

- Variz né menina, não! É isso aqui ó! Quando uma veia arrebenta.

Fui salvo do castigo. Agora, com relação à história da veia... Demorei a aceitar. Pra falar a verdade, bem acho que Variz é uma menina baixinha, a qual vive machucando as pernas femininas. É uma inveja que ela tem... Do tempo ou das peraltices que não podia fazer no dia a dia.

Variz... Nunca mais esqueci o seu nome.


(VFM)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Fraseado


Não adianta brigar com o espelho, cair em rusgas,
Pois o tempo é que nos coloca lembranças e rugas.


(VFM)

segunda-feira, 3 de maio de 2010