terça-feira, 30 de junho de 2009

Fragmentos e Poemas Memoráveis

Em cena, hoje, um romance um tanto quanto metafísico, um tanto quanto hilário, um tanto quanto excelente! Conheci a obra desta autora por meio deste livro e logo depois quis ler outras obras dela. Muito me encantou. Com suas análises de mundo e suas percepções psicológicas da vida, suas histórias fazem você pensar. Eu aconselho a saga de Macabéia!

"Ela nascera com maus antecedentes e agora parecia uma filha de um não-sei-o-quê com ar de se desculpar por ocupar espaço. No espelho distraidamente examinou de perto as manchas no rosto. Em Alagoas chamavam-se 'panos', diziam que vinham do fígado. Disfarçava os panos com grossa camada de pó branco e se ficava meio caiada era melhor que o pardacento. Ela toda era um pouco encardida pois raramente se lavava. De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente, embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio."

Livro: A Hora da Estrela
Autora: Clarice Lispector

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Meu Tempo

Se dizem: ter paciência é esperar
As vagas ondulações do tempo;
Levai-me para longe esperança,
Pois eu não tenho mais tempo.

Se dizem: é preciso ter calma
Ao broto da hora e do vento.
Meu amor não se quer acalma,
Até contar minutos eu tento.

Se dizem: um segundo mais
O dia é tão curto e foge lépido.
Não me consola a luz da lua,
Nem o rumor do astro tépido.

Se dizem: é chegado o instante
De lavrar o coração... Avança!
Corra! Clareie a visão da vida.
Ame como se ama uma criança.


(VFM)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Crepúsculo da Saudade

Há coisa mais triste
Do que ver o sol posto?
Se a saudade existe
O poente é o meu rosto.


(VFM)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

MINI CONTOS

1- Felação Metálica

- A camisinha arrebentou!

- Maldito aparelho dentário.


2- Papai?

- Mãeeee! Cadê o papai?

E a puta:

- Uminuto, filhinho.
Próximo! Olha ele aí!


3- Promoção

- O que o senhor deseja?

- Três posições diferentes e um boquetinho.

-Aceitamos Visa e Mastercard!


4- Outro dia

Quando acordou, sorriu,
Pois pela primeira vez
A puta ainda estava ali.


5- Filme Pornô

Ai! Ui!
Vai! Fui!


6- Xeique

- Você aceita Sarah como sua quinquagésima primeira esposa?


7- Sadomasoquista

- Não chupa, porra! Morde!


8- Revolta

A puta:

- Perdi minha esquina!
Agora vou dar pra qualquer um na reta.


9- Pedido de Demissão


"Prezados senhores clientes, após trabalhar por mais de dez anos, com tanta dedicação, onanismo, felação, frango assado, de forma prazerosa, atendendo a todos os pedidos, gostaria de informar que me demito. Já estou farta de tanto pau murcho.

Atenciosamente,

Fabíola, a puta.


(VFM)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

CONFISSÃO DE UMA NOITE

Para um Amor que me aguarda na moldura do mar


O que eu mais queria era estar agora velando seu sono. Pensei, demoradamente, naquele minuto de urgência, só para dizer que já te amo. Seria esta a palavra certa para tal sentimento? Pouco importa, pois a imaginação é ampla e o seu perfume ainda mais penetrante. Arrependimento? Deixo-o guardado a negra face do medo, ou recôndito no estômago dos fracos. Já pensei em tudo, e de tudo e não cabe em um abraço, desses que o coração resplandece, suando todas as aspirações do amor. Isto é pouco. Beijo-te? Não... Isto é pouco. É como oscular o semblante sagrado; algo como intocável pelos meus pecados, ou demasiadamente simples para a sua imensidão. O tempo se esvai e não consigo me mover. Completa-se uma hora que te olho intermitentemente, sem menear um olhar, ou a sôfrega boca. Contemplo-te. Lá está você, entorpecida e angelical, semelhante ao mistério da aurora. Confesso-me? Bato na aldrava da boca e lanço, com desvelo, a chama infinita, só para tentar aquecer seu corpo, ou apascentar teus sonhos. Eu queria lhe falar agora, neste átimo do sentimento infrene, AMO-TE!, rasgando o véu que a noite lhe põe. Há-de ser assim, matando meus lábios antes que outro venha indiscreto e a deseje. No entanto, a tolice me empalidece, afogo-me no relento do silêncio e lá a frouxidão se alastra.

Preciso fugir deste torvo abismo. É só pensar em ti e uma harpa reboa. O cântico da paixão, tão vivo, tão hino, devolve-me o rubor e a virtude. Todo palor, todo pavor, evapora. Continuas dormindo, não percebes o que passo. Uma simples frase referve toda uma atitude e me coloca a balbuciar. Solto, timidamente, pueril, letra após letra, elevando-te ao céu. Tento não abalar teu sono. Roço teu rosto com minhas trêmulas mãos, padecem frias, mas guardam todo o carinho inefável de uma poesia. Tremes um pouco. Balouça como se a brisa fosse sua rede. Recuo. Ponho, então, meu lábio rude sobre o seu róseo estandarte real. Ao contato, uma luz, um calor, desprende-se. Sinto minh'alma acordar. O coração se rejubila. Como a Lua, afundo no estático horizonte para dar liberdade ao Sol. Meu lábio se aquece em ouro. Estou completo. Perdido. Atônito. Esqueço a chuva de tormentos que não cessava de me amarrotar. Não desejo te acordar. Não mereces. Eu te mereço?... Fico pouco mais que um minuto, suavemente, imergido na casta concha dos teus lábios. Esquivo. Bebo o cálix da coragem. Destino meu barco as tuas páginas do som, teu espaço dos pássaros e da música celeste. Manso. Segredando. Iço minhas velas de intentos e ideais. Por fim, deixo minha página de Amor, resumida, na fonte da Felicidade, que ali eu entrevia, escrita para ser lida e relida: EU TE AMO!

(VFM)

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Cigarro

Desculpe ausentar-me assim, companheiros, mas tive um problema de saúde. Não se preocupem, já estou em boas condições, ou quase. Enfim, este poemeto eu escrevi para uma amiga (Tatá) num momento de completa ebriez. Segue ele aí:


O Cigarro

Assim, sempre, do nada, a rua,
Carrega-me, rápido, o teu nome,
Eu te grito como cão com fome,
Voraz e sedento pela nudez da lua.

Ardo como brasa... Vejo uma perua,
Muito feia, de enorme abdome!
(risos) já até tem um codinome:
Baranga! Nada nela me insinua,

Só você a quem eu me agarro:
De amor, de sofrer e de luar.
E lembro do pecado, chorando:

“É triste sentir o peito palpitando”.
E louco, e bêbedo, e só, num bar,
Esqueço-te, junto com meu cigarro.


(VFM)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Etimologia

Caríssimos! O Márcio Bueno me contou em seu livro o histórico das palavras, cousas muito interessantes. Aproveitem ávidos e famintos pelo o obscuro dos termos.

PALHAÇO: Artista, sobretudo de circo, que se veste de maneira espalhafatosa, com maquiagem grotesca. O termo vem do italiano "pagliàccio", nome do tipo cômico do teatro tradicional. O personagem tinha esse nome por se vestir com uma roupa bizarra, feita com o mesmo tecido listrado dos colchões de palha ("paglia", em italiano).

MUSA: Tudo quanto pode inspirar um poeta. Na mitologia grega, chamava-se Musa cada uma das nove deusas, filhas de Zeus e Mnemósine, que presidiam às artes liberais e tinham representações específicas. O termo veio do latim "musa", derivado do grego "moûsa". Deste vocábulo grego derivou também o "mouseîon" (museu), cuja acepção original era o de 'templo das musas' e que, por extensão, passou a designar 'lugar destinado à reunião e exposição de obras de arte, de peças e coleções científicas, ou de objetos antigos'. Outro termo derivado do grego "moûsa" é "mousiké", origem remota de 'música', que nos chegou pelo latim "musica".



quarta-feira, 17 de junho de 2009

Lágrima

Buenas! Depois de muito sofrer, muito esperar, meu valioso PC voltou. Agora poderei atualizar e não abandonar-te-ei admirados leitores. Engraçado, mas ultimamente ando tendendo para a poesia, não que tenha abandonado num páramo a prosa, somente os versos andam irrompendo com mais exatidão e força. Enfim, espero que gostem de Poesia.

Lágrima

Sabes... o peso da minha
Lágrima é algo tão breve,
Que, às vezes, como linha,
Cai, pálida, floco de neve.

Sabes... sai absurda d'alma,
Escorre em todos os lugares,
Uma não é uma rosa calma
Nem com o rocio dos ares.

E, dela, amada, não acharás
Nada. É lágrima de outrem
Se encerrando num rapaz,
Que mentem e mentem...

E me pergunto: "Por quem?"
"Ó Lágrima, dê-me Paz!"
Ela não obedece. Aliás,
Cai e cai de cem em cem.

Deus! Quantas Mulheres
Esta realidade ainda tem?
Porquê não me queres?
Nos olhos uma nuvem...

Chorar? Chorarei, além...
Mas não p'ra uma dama,
Esta que a gente ama,
Ela não mais me convém.

(VFM)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Fragmentos e Poemas Memoráveis

Opa! Depois dum tempo ausente, devido ao feriado, volto com a afamada série dos insignes trechos da literatura mundial. Regresso com um famoso pedaço teatral, que muito me marcou, creio que outras pessoas também. A parte se encontra no Ato III, Cena I e é vista com um fundo metafísico agudo. Vale a leitura!

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta
–Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.

Livro: Hamlet

Autor: William Shakespeare

sábado, 13 de junho de 2009

Feliz dia dos (e)namorados

Para não deixar passar debalde, dois poeminhas.

1

Meu coração, sem descanso,
Põe-me, às vezes, em choro.
E para aliviar o decoro,
Ou talvez deixar-me manso,
Pensar em ti é a salvação,
Dentre tudo e toda emoção.
Nesta disritmia - um desejo:
Dar-me a meninice dum beijo.


2

Não, não é meu
O que diz-me ser.
É unicamente teu,
Só a ti pode pertencer.
É algo que se esconde
E facilmente se invade.
O caminho? Não sei onde,
A margem da fragilidade,
O rio em mim vai te levar.
Caso não se possa ouvir
A fonte sensível a estalar
Basta saber que seu sorrir
É agrado para te amar.


(VFM)

terça-feira, 9 de junho de 2009

O Outro

A Fernando Pessoa


Sou outro, de outro,
Puramente monótono,
Rasura de nascimento,
Confluência do acaso,
Por final de reencontros.


(VFM)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ao Amor

Como forma de homenagear a semana do dia dos namorados, segue um poema para um Enorme Amor.


Distante do seu olhar de ventura,
Asa que sorri divina e pura,
A saudade afronta-me em lufada.
Minh'alma errante da terra idolatrada

Percebe que não se pode mais
Ver outros olhos, que vão persigo.
Enfara-me o olhar dos mortais,
Pois a eterna luz está contigo.


(VFM)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Poema de Aniversário 2

Neste mês não podia deixar de homenagear uma pessoa tão querida e que gosto muito, Renata. Fiz este poeminha para, quem sabe, dizer o quanto a considero e como é importante esta data tão especial.


É chegado o dia,

Talvez dia santo,

Júbilo, tanto, tanto,

O Aniversário – Que alegria!

Se temos a nós

Dedicados momentos,

Não devemos a sós

Deixá-los largados aos ventos.

Mas que Felicidade!

Do passado a saudade (?).

Uma coisa ruim no pretérito,

Tem também seu mérito.

As boas, sejam muitas,

Que sejam todas gratuitas.

Compartilhe com os amigos,

Nossos sinceros abrigos.

Lembremos da Família,

Que nos tem em vigília.

Do amor… Ao amor

O cálido andor.

E, sempre, a Deus,

Que não se dá adeus.

Aniversário é o dia

Que nos contagia.



(VFM)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Súbito

Desculpe caros e estimados leitores pela ausência esses dias, mas o labor me sorveu todo o tempo e meu pc ainda está no conserto. Mas, enfim, todavia, não obstante, voltei! Segue um poemeto que escrevi ontem a noite, após um dia árduo.


Não me lembro bem...
Sim, lembro muito bem
Da unção que a paixão
Causou no meu coração.
Uma música anunciava,
A flecha saía da aljava
E alígera, sem despeito,
Foi ao âmago, ao peito.
Bateu, uma, duas, três.
Eu disse: outra vez?
Inelutável! Foi assim
O amor apossou de mim.


(VFM)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Excessos

Numa Jogada, uma ficha,
O dinheiro em fuga,
O tempo que enruga,
A vida que subtrai e lixa.

**

A solidão
faz conluio
co a saudade.
O coração
faz conluio
co a maldade.

**

Duas doses de tequila,
Alguns cigarros,
(pigarros)
A noite que se aniquila.


(VFM)


Obs: mais uns versos encontrados na bagunça da minha vida.