quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

TEXTO DE NATAL



(para minha família)

QUERO MEU PERU! QUERO MEU PERU!!!

Algumas bocas sarcásticas e sedentas gritarão, enquanto as bolas de natal se enrubescem em meio a tanto afeto. Os presentes se acumulam junto com os abraços e os melhores votos. Se alguma tia lhe diz: "É só uma lembrancinha", então porque não lembrarmos de tantos natais, das pessoas queridas presentes e das que já se foram em nosso caudal de lágrimas.

'Se para isso fomos feitos', assim deve ser nossa vida: sorrisos fartos, muitos versos e boas doses de amor.

QUERO MEU PERU!

A pança dos afortunados gemerão. Vovó rodeada da sua prole, com preces nas mãos e um colo cálido para que a gente de nada se esqueça. A noite acompanha o relógio ansiosa de vida. O irmão corre para não se atrasar, trazendo no coração a sonata de um milagre, embora o pai esteja distante uma canção o acolherá pelo seu caminho. A primas já se perfumaram de serenidade e riem das antigas estrepolias.

Mamãe?! Ah! Mamãe! Vem vestida de carícias - fantástica! -, heroica, desvendando os nossos desejos do porvir e com a intimidade para consolar o nosso ano difícil. É ela que também, embebida de encantos, admira no fundo os nossas emoções, e quando a cabeça já bateu os sinos, é ela que grita faminta de alegria por mais um natal:

QUERO MEU PERU!

(vfm)



quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

ENGANOS


lá fora o barulho dos autos
acendem meu cigarro,
enquanto homens correm
atrás dos seus destinos.
é hora de partir ou chegar?
as pernas se cruzam,
cães se cruzam ao relento
e a cidade se cria.
lá fora o tempo nos engana
dentro de nós e os olhos
refletem nos espelhos dágua
nos enganando,
pedindo falsas desculpas.
quem nunca se engana
dentro da gente?
lá fora é que a vida acontece
e aqui dentro a multidão
se inflama no trânsito sanguíneo.
é sempre lá fora que vejo
a vida correr, mas é
fora de mim que me diagnostico
que por dentro, ao fundo,
a morte também pede carona
e ela se senta sem nos enganar.

(VFM)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

MICROCRÔNICA POLÍTICA


"Isaías 55,13 - Em lugar do espinheiro crescerá a faia".

Tem Pastor crente que dinheiro dá em árvore! Haja Mala! Mas uma hora a coisa faia.

(VFM)

HAIKAI


que preguiça!
sem luz do sol
o olho enguiça.

(vfm)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A CASA DA PEC


Era uma PEC
Muito safada
Só tinha teto
E uma bancada
Ninguém podia
Votar contra ela não
Porque a PEC
É da Constituição.
Ninguém queria
Ouvir a Rede
Porque na Casa
PDT, PCdoB e PT
Negariam
Dizer que sim
Porque outros políticos
Fugiram dali.
Mas era feita
Ao vice severo
Na cara do povo
Investimentos zero.

(VFM)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

a PEC 55: um DESPAUTÉRIO!


Uma das palavras para podermos bradar aos membros do Senado e a outros golpistas de plantão no dia de hoje, DESPAUTÉRIO designa-se uma "ação absurda, grande tolice; despropósito, disparate", conforme o léxicon.
Dois mil e dezesseis veio confirmar que vivemos num país em que despautérios pululam em nossa pátria e são maiores que o "Gigante pela própria natureza" do hino nacional. No campo etimológico e semântico da palavra e dos absurdos, podemos colocar a Proposta de Emenda à Constituição - PEC 55 como um sinônimo do absurdo.
Vocábulo tão palatável para nossos políticos golpistas (amantes de Dias Gomes e seu famigerado personagem Odorico Paraguaçu), nossos parlamentares são autênticos despautérios em nosso Congresso.
A palavra foi grafada pela primeira vez em dicionário em 1899, originária de Despautère ou Despauterius, "conforme se considere a versão afrancesada ou latinizada do nome do gramático flamengo J. van Pauteren, autor de um livro de 1537, Comentarii gramatici, que gozou de grande difusão na Europa entre os séculos 16 e 17, mas era uma obra “confusa e rica de dislates”, segundo o Houaiss. Para a Larousse, citado por Silveira Bueno, o homem era “difuso, obscuro e cheio de declamação”.
A síntese de tudo é que a PEC, Temer e sua choldra agora se enquadram no termo DESPAUTÉRIO, que segundo os dicionaristas era um gramático demagogo e cretino.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Agora temos outro 'Dia do Fico': O (ex) presidente do Senado RéuNão Calheiros foi contra as ordens do STF e afirmou: "Se é para o meu próprio bem e felicidade geral da Corrupção, estou pronto! Digam ao Senado que fico".

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A CHUVA


a chuva molha 
duas folhas secas
que repousam
na inocência do chão.
a água escorre
como sangue inquieto
para renascer a
primavera futura.
a palavra alagada
de bocas e olhos
engolem gotas de chuva.
as duas folhas secas
tremem de frio, pois
sabem que o rio
leva ao mar e o mar
devolve a dor dos 
temporais e a melancolia
do desamor talhado
nos retratos.
a chuva tudo molha.

(vfm)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

LIRA DOS 20 ANOS DE ATRASO


A tal PEC é da maldade,
Mas não pros senadores,
Vinte anos de liberdade
Celebram os corruptores.
Proposta do Fim do Mundo!
Estudante que apanhe!
Temer conta os segundos
Para abrir o champanhe.
(VFM)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

terça-feira, 25 de outubro de 2016

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

DIA DO POETA


Não sei como foi que eu peguei Poesia. Mamãe sempre me falava para sair de casa agasalhado. Foi numa dessas escapadas que fugi de peito aberto para o mundo e voltei pra casa com cheiros de flor e bosta de boi. Hoje ando por livrarias como um cão faminto e infestado de palavras nesta ébria embarcação da vida.
(VFM)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Poema sobre foto de Mário de Andrade



Em 1 maço


O cigarro era o sinaleiro naquela noite.
O pensamento seguia no ritmo das tragadas,
Enquanto o gosto do teu nome não saía
Dá minha boca nesses prazeres futuros.
O coração se esfumaçava diante dos vultos e vontades.
Quando me perguntavam de você eu entregava
O meu sorriso amarelo, o pigarro melodioso
E o bafo insone dos desiludidos.
Foi difícil apagar o último momento logo no começo do outro dia.
Os olhos foram embora pra casa tossindo
O amargor daquela história.
Os dedos ardiam ao tocar na porta que você tantas vezes entrou e logo saiu.
O dinheiro já não dá mais para outra angústia.
A casa permanece empestada com a pergunta que você deixou:
- Isso é vida?

(VFM)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

MICROCRÔNICA


A Polícia Federal já intimou os Aviões do Forró, mas helicóptero que é bom anda solto por aí.
(VFM)

MINICONTO

Aduana
Eu não importo mais com meu coração. A ex-porta na cara.

A PRIMEIRA VEZ QUE ENCONTREI O AMOR


Posso contar como foi esse momento inefável desde o início, apesar de achar que não é dessas histórias mais cativantes e comoventes. Convenhamos, o amor só comove dentro das ordens clericais e farsescas dos livros perdidos nos alfarrábios.
Conhecemo-nos através desses aplicativos: o bar. Em meio ao trançar de gente, bebidas entornadas pela sede dalma e dos corações desérticos e apreensivos. Trocamos alguns sorrisos de tabloides, ao mesmo tempo que os olhos convulsos se faziam constantemente de esguelha para furtar entre si novos olhares de interesse. Amigos em comum fizeram às honras, possibilitando aquela palra trivial etílica. Consegui às duras penas de Sísifo do telefone para marcar assim que possível o grande encontro. Esperei por alguns dias e realizei o primeiro contato, sendo direto que gostaria de vê-la à sós. Recebi um afável "sim", entre risinhos de graça e frágil timidez.
No dia do compromisso inarredável, vesti a melhor camisa, daquelas feitas por escravos egípcios durante as épocas de Quéops, Quefren e Miquerino. Espargi sobre meu corpo imberbe um dos melhores aromas, mijo de lhama de Aguas Calientes, calcei sapatos do couro dos minotauros com peúgas felpudas e coloridas. A braga dos gauleses cobriu minhas pernas raquíticas e lá me fui para a grande Ilíada do meu tempo.
Ao desbravar às ruas dos cronistas de outrora, com o a respiração acelerada ao ritmo da Walquiria de Wagner, suando como um tuareg em seus périplos, coberto por um céu azul límpido com nove listras de nuvens sobre o céu, como a bandeira grega em sua representatividade de nove sílabas expressando "Liberdade ou morte", caminhava como ao encontro da minha Dulcineia. Em júbilo, entusiasmo e ansiedade acreditava que o amor de Príamo e Tisbe inspiraria essa união. No entanto, eis que dos ares uma possível ave agoureira de Edgar Allan Poe me arremessa dos seus fundos os dejetos da sua sanha, escárnio e desprezo, marcando a fogo fétido minha indumentária escolhida a dedo para o amor. Foi como a facada de Brutus, que veio abrupta, assassina, traidora destruir o encanto daquele dia. Imprequei à abóboda celeste os inúmeros palavrões dos bordeis nos quais eu aprendi.
Tombei como Heitor diante da fúria de Aquiles. O que faria? Como me apresentar diante dessa cena horrenda e trágica de um filme de Hitchcock? Estava tudo acabado. Após um tempo inerte e absorto foi que entendi o sentido do fato. O amor é uma grande merda. Assim, saí assobiando um falso minarete até aquele cadafalso para descobrir que nosso encontro foi uma grande cagada.

Dia das crianças


Miguelzinho vira para o papai golpista Temer:
- Papai! Vamos brincar de pique esconde? Conte até 241 e depois ache os investimentos do país.

MICROCRÔNICA POLÍTICA

Temer encontra com Lacerda no bar:

L: Vossa pestilência, essa 241 és palatável para o país?!
T: Vossa bolorência, aceitas com ou sem pré-sal?!
(VFM)

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Novo filme do desgoverno Temer: O lar dos golpistas PEC-uliares.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

QUADRA GOLPISTA


"O Michel Temer tem lindos olhos",
Diz Marcela balançando o leque.
"Seus olhos são da cor do petróleo.
Ele não é mais nosso, só o cheque".
(VFM)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

QUADRA P/ UMA GOLPISTA

O Programa dado pra Marcela,
Que ela nomeou "Criança Feliz"
É mais uma do Temer - novela -
Pra Globo ganhar uma nova atriz.
Quando gritei por Luciana ela já não me ouvia mais, tinha corrido com sua mágoa para outra terra úmida. Luciana era a única palavra que me saía dos pulmões ressecados pelo cigarro e pelo pigarro do arrependimento. Pressentia que ao vê-la partir a enfermidade voltaria e meu plano de saúde negaria o atendimento. Luciana era meu tormento, minha loucura, meu fôlego e gume. Algo foi fendido, feito porta batida abrupta ao som do coração na sua disritmia. Balbuciava após tanto vociferar o nome sacro em vão. Eu pecava frente ao meu ateísmo tolo. O terapeuta já tinha me dito que sofrer não é verbo e sim nome próprio. Apropriei-me disso. Luciana, Luciana... assim terminaria minha fala, meu livro, minha mensagem de suicídio por um aplicativo?
Agora, Luciana me assombra, justo quando mamãe está morta e outro fantasma puxa meus sonhos ao rés do chão. Desse cancro, dessa ferida, desse cântico, desse amor, ainda guardo nossa fotografia emblemática, sorrisos perdidos nos areais, diante da praia em que colhi conchas para ouvir o mar me dizer: Luciana, Luciana, Luciana, em ondas, em um rumorejar. Sobressaltei-me, pois tenho medo de nadar.
Escrevo tanto porque me lembrei que hoje, justamente hoje, é seu aniversário e você apagou de mim a chama da esperança. Esperança era como te chamava carinhosamente. Luciana! Não sei o motivo de não ter outro nome no mundo e na língua para escrever. Os poetas gostam tanto de Rosa, Laura, Beatriz, Glaura, Lolita, Marília, Dulcineia e por aí versos vão. No entanto, a boca alucinada diz: Luciana. Embriago-me diariamente para esquecer de ti, mas esqueço de não te pronunciar novamente. Estou a fim de apagar tudo isso diante dessa culpa que carrego pelos poros e dessa vontade inextinguível de dizer à filha que não tive, no parto da nossa relação, no grito incontido de que te amo, ao teu choro misturado ao meu, que o amor incinera qualquer caixão, Luciana.
(VFM)

terça-feira, 4 de outubro de 2016

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

POÉTICA


Pô-ética!
Dá uma moral, aê!
Chega de costumes gregos,
Arranca logo este hábito,
Derrama a tua filosofia
Na taça suja do vento,
Beba logo o fel da cana.
Pô-ética!
Deixa o seu comportamento
De ressaca
Na condição humana.
(VFM)

Poeminha eleitoreiro


Nas eleições ou depois
Me dê um voto de confiança
Para fazer do seu coração
A minha caixa dois.

Haikai para o aniversário de Cervantes


Pescai dos moinhos
As aventuras dos grãos
Pelos caminhos.

(VFM)

CONTOTIDIANO


- Com licença, você tem fogo?
O coração em chamas ao vê-la. A partir daquele dia ele começou a fumar dois maços só dá boquinha dela.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

MICROCONTO POLÍTICO

76 ANOS DO GOLPISTA TEMER - PARTE 2
Marcela entrega ao Golpista um robusto presente, embrulhado metodicamente e adornado com um lindo laço azul.
Temer: o presente é nacional, amor?!
Marcela: ixi! É de Fora, Temer!
(VFM)

MINICONTO POLÍTICO

76 ANOS DO GOLPISTA TEMER
O interino volta macambúzio e meditabundo para casa. Ao abrir a porta de casa sai Marcela rebolando sua trágica sensualidade, com uma saia curta fora dos padrões:
- Surpresa! Feliz aniversário, meu lindinho! Aprontei-me para vosmecê.
Eis que ele responde severo:
- Vai sair comigo com essa indumentária?
- Hoje vou com as pernas de Fora, Temer!

(VFM)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

MICROCONTO


Lenhador

Paulo Machado tatuou no seu tronco o nome daquele amor que não lhe rendeu bons frutos e que logo cortou pela raiz.

(VFM) #DiadaÁrvore

Olhos


Se temos dois olhos
Para enxergar em volta
Do que nos seduz, assusta
E a crer na visão do improvável.
O olho do cu nos vê
Por dentro: a merda que
A gente é nesse mundo
E o que a gente faz.
Alguns ainda dizem
Que o amor é cego.

(VFM)

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

MINICONTO DE TERROR


Ao acordar em sobressalto viu diante dos seus olhos o rosto desfigurado da morte e o peso do terror segurando os seus braços. O grito de pavor foi sufocado pelo sangue derramado em sua boca. A última lembrança que teve foi de ouvir o demônio dizer "nós te amamos muito".
(VFM)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

SONETO


Eu nunca achei que amar fosse fácil.
Fiz isso muitas vezes a contragosto.
Tatuei no rosto o que era mais grácil
E descobri neles todo meu desgosto.
Reclamei antes e depois do vivido.
Eu mesmo assim repeti os meus atos,
Disse aos amigos que foi esquecido,
Rememorando em cada um os fatos.
Fui em todos, covarde, cheio de segredos,
Guardando carinhos nas pontas dos dedos.
Talvez com o tempo e também idade
O peito aguente suportar o dano
De ouvir várias vezes que eu te amo
E aceite essa infelicidade.

(VFM)

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Explicado o pq do uso do PowerPoint para acusar o Lula. A extensão é p-PT.
Obs: não tenho provas, mas tenho convicção.

(VFM)

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

MINHA BANANEIRA

Poema que fiz para compor a exposição da Maíra Paiva "SIM! Nós temos banana!" inspirado nas fotos da Isabella Leite.


Minha bananeira
É onde brincam as sombras
Dos meus bichos.
Ninguém come a lua
na sua penca crescente.
Minha bananeira
Abraça o rumor do vento
com os seus braços verdes.
Na terra ela aconchega
Às velhas horas os seus frutos.
Minha bananeira
Na batalha dos pássaros
Sabe dar os seus escorregões.
Para o homem bom e vilão
Ela sabe o que dar: banana!

(VFM)

Quadra de lembrança


(Hoje minha avó Elzira completaria 90 anos)

Foi a minha avó que me ensinou
A brincar com o que é eterno.
Aprendi escrever no caderno
Toda a saudade que ela me deixou.

(VFM)

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar do Eduardo!


(uma paródia do texto do Gregório Duvivier)


Conheci ele na Suíça. Esse local pode parecer romântico se você imaginar alguém ouvindo Nino Rota, num chiquérrimo “ristorante” em Riesbach. Aquilo gerou o clima arrebatador e cálido, pois toda a súcia frequentava nos anos 80. Ele era arquiteto e político. Eu não entendia muito de croqui e caixa dois. Mas lá estava ele: rolex cintilando no pulso e o charuto enevoando meus pensamentos. Nunca vou me esquecer: a música era Love Theme from the Godfather. Foi paixão à primeira vista e alguns itens a prazo, só pra mim, acho.

Passamos algumas noites conversando ao telefone e pessoalmente sobre tramoias, compra de votos, laranjas, contas no exterior, superfaturamento, viagens internacionais, peculato, improbidade, fim dos direitos humanos, às minorias, aos trabalhadores, às liberdades individuais e à democracia.

Sua brilhante vida pública, que teve início no governo Collor, quando presidiu a Telerj , não demorou a ganhar a primeira suspeita, de fraude em licitações. Aquilo me arrepiava e me excitava. Eduardo concentrou sua carreira política no Rio de Janeiro até chegar à Câmara dos Deputados, onde ganhou seguidores e tornou-se um dos políticos mais influentes do país. Ai ai! Como não se encantar com o cartão infinito que ele tinha me dado e todos os privilégios espúrios ao longo do Sena.

Começamos a namorar quando ela tinha 40 e eu 30, foi ali que pude desfrutar do bom e do melhor. Vi joias enchendo meu guarda roupa, sapatos de grifes, roupas de cristais adornarem as grandes festas dos meus sonhos. Fizemos roubos e falsificações juntos, enquanto nosso mordomo servia lagostas chilenas. Tive a casa das rainhas. Escrevemos Projetos de leis, como por exemplo o PL que criminalizaria qualquer pessoa que ajudasse ou "induzisse" outra pessoa a realizar o aborto. Fizemos milhares de amigos oportunistas e políticos canalhas. Viajamos o mundo e gastamos milhões do dinheiro do povo. Aprendi a mentir compulsoriamente, sobre doações ilícitas, homofobia e outras palavras que só o linguajar dos corruptos pode nos dizer. Eu tive a sorte e a roleta e as fichas de Las Vegas de me casar com ele.

Infelizmente, um dia a coisa apertou pelos nossos exageros. Não foi fácil todos saírem gritando que ele é ladrão. Choramos muito com a mídia, com o povo irascível e desvairado, bem como no dia em que mataram Pablo Escobar. Agora fico aqui vendo ele ser julgado por quem tanto o abraçou. Não posso mais sair de casa em paz. Esses vira-folhas.

Hoje ele foi cassado. Vou sentir falta das mordomias. Vou levar para sempre as lembranças comigo. Esse dia me marcará para sempre. Estarei eternamente junto dele – essa história de amor bandido que sempre adoramos assistir. Que bom que vivi esse amor pelo dinheiro público. Eduardo ainda vai voltar, eu sei, com pompas. Ele caiu e isso é muito triste. Agora outros que festejam, mas a luta continua!

Agora anda faltando caviar em casa. Prometo levar para o seu banho de sol na cadeia o melhor protetor solar. Não há de faltar nada lá para ele.


Com amor, Cláudia Cruz.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Dia da interino-dependência


Hoje, ó sete de setembro,
Dia da nossa independência,
O golpe veio, eu me lembro,
Tenho medo de cada membro
Do Temer bater continência.
Fique o fato na história
E os golpistas na memória!

(VFM) #ForaTemer

terça-feira, 6 de setembro de 2016

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

61 VAGAS DE EMPREGO - SÊNIOR GOLPISTA


Desenvolver projetos ilícitos,
Elaborar conluios suspeitos e fiscalizar
Laranjas sobre os recursos necessários.
Realizar manutenção de equipamentos públicos,
Priorizando os empresários e testes bancários.
Avaliação dos serviços executados e coordenar
Propinas de alto padrão acerca de obras caras.
Participar de inspeções pecuniárias e testes
De desvios, auferindo o desempenho dos funcionários.
Prestar atividades dentro das conciliações dúbias.
Experiência de 4 anos em traquejos, falácias e vendas,
Direito penal, administrativo e tributário.
Domínios de pacotes privilegiados, emendas
E questões retrógradas.
Ser conservador, irresponsável, grandiloquente.
Implantar falso testemunho e melhorias no processo
De corrupção, no que tange o mapeamento da PF.
Gerenciar pessoas sobre subornos e instalações de escutas
Quando for necessitado. Bom diálogo e prosódia.
Saber lidar com conflitos e descobrir oportunidades.
Prospectar clientes fantasmas, orientando os funcionários
Para as pequenas e grandes denúncias.
Conhecimento em comercialização, marketing político,
Superfaturamento, elaboração de pareceres, habeas corpus e mau caratismo.
Necessário ter experiência em construção de alianças, manutenção de conchaves e participação de inspeções fraudulentas.
Ser dinâmico e imprudente.
Gerar relatórios e emitir notas falsas.
Aceitar Jesus no seu caminho como salvador das ocorrências.
Não traficar mais de 500 quilos de cocaína.
Ter ao menos alguma ficha suja ou atestado que o incrimine.
Avaliar melhores propostas e crescimento dos indicadores.
Comprar candidatos e pessoas com poder de convencimento.
Cumprir metas e aceitar desafios.
Possuir carteira de motorista e possibilidade de sair do país.
Votar a favor do empresariado e do nepotismo.
Imprescindível conhecer o que é caixa dois.
Aceitar o golpe como legítimo.
Inglês fluente ou sem papas na língua que salve.
Ensino Superior completo.
Salário à combinar.

Favor tratar com Temer.

#VFM

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

QUADRA DO IMPEACHMENT


O golpe foi dado:
Temer agora gargalha,
Brasil foi tomado
Por um rato canalha.
(VFM)

QUADRA GOLPISTA


Nesse julgamento espúrio
Os golpistas fazem a festa,
O Temer, um tosco e besta,
Cospe no país seu mercúrio.
(VFM)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


Temer diz: "é coisa natural
O golpe e não há retrocesso.
Eu não peco pelo meu excesso,
Amar o demo não faz mal".

DUAS MICROCRÔNICAS DO IMPEACHMENT


1-
Votação no Senado:
- Se eu disser sim, o que eu ganho com isso?!
2-
- Vossa senhoria é contra ou a favor? Fale Dilma vez!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ai-cai


Saem lágrimas em fugas
Pelo rosto chuvoso dos anos,
Velhas calhas as rugas.

(VFM)

Poemeto


P/ Luciana

Naquele tempo vadio deitado ao léu
Pôde pensar no caroço do seu peito,
Que, montado no vento, corria como mel
Dentro do cinzeiro da alma, estreito.
Não adivinhava o que lhe ocorria,
Desenhando com os olhos a tolice.
Ignorava inútil o que não cria
E os avisos da mãe: "o que lhe disse?!".
Era ela que lavava a língua ao sol,
Circundando todo seu sonho indócil,
Diante daquela lágrima de tersol.
O coração, se martelando inseguro,
Perdido na terra como grande fóssil,
Viu naquele amor o silêncio mais puro.

(VFM)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

CONTINHO DE TERROR


Naquela noite, acordamos apreensivos com o irritante barulho de uma torneira aberta respingando insistentemente. Um som seco e tenebroso ecoava. Corremos aos banheiros e à cozinha da casa, mas nada encontramos. Foi quando, ao passarmos pela sala, vimos do quadro da nossa família pingar, de forma espessa, enferma e atormentadora, gotas de sangue.
No dia seguinte, toda a família estava morta, misteriosamente. Os corpos foram encontrados intatos, posturas quietas, cheios de silêncio, sono e moscas. Quando a polícia entrou se defrontou com o gato terminando de lamber sua tigela, os bigodes sujos e vermelhos, olhando a todos satisfeito, com volúpia religiosa.

(VFM)

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


O Temer também está na torcida,
Quer ver o Brasil com outra medalha,
Pois a do golpe já está vestida,
Agora ele quer outra de canalha.
(VFM)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

MICROCRÔNICA OLÍMPICA


Ontem, no jogo da seleção masculina de futebol do Brasil pude gritar 4 vezes:
- É GOOOOLLLLLLL PE!!!

(vfm)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

QUADRA INTERINA


Senado torna Dilma ré.
O golpe já se confirma,
Temer agora afirma:
- O Brasil é meu cabaré!
(VFM)

QUADRA GOLPISTA


O golpe segue em curso:
O Temer já comemora,
Cunha arma o bota-fora,
Cada um com seu recurso.
(vfm)

CONTOTIDIANO


- É só ele te trocar por outra que você me liga e lembra de mim né?!
- Não sei pra onde correr! Você é minha última esperança!
- Meu ombro não é poleiro pra tuas lágrimas. Já nem me dói mais ouvir tua voz afogada de pesar.
- Me ajude!
- Só se disser que me ama.
- Eu te amo.
- Obrigado. Eu não.
Ele desliga na cara dela. Nos olhos de ambos ficam presas as lágrimas do passado, passarinhos amaldiçoados proibidos de sair ao quintal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

MICROCRÔNICA POLÍTICA


José Serra recebeu R$23 milhões de caixa dois. Que isso, José? Não é Serra, José. É José Monte de dinheiro.

(VFM)

QUADRA INTERINA


O nosso espírito olímpico
Merece uma medalha de ouro.
"O pódio do Temer é um penico!",
Diz o povo gritando em coro.
(VFM)

QUADRA INTERINA


Nas Olimpíadas o Temer
Sabe qual sua modalidade:
Inconstitucionalidade!
Esporte que só a Globo quer.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

DENTE DE LEITE


Dente de leite,
Tenho sorriso franco,
Canjicas esparramadas
Nas feitiçarias da língua.
Arrancam-me
Obstinadas mãos,
Obturador olhos,
Dente de leite.
Cortiço de recordação,
Favos mal criados,
32 risos hipócritas;
Sem siso isso presta?
Dente de leite!
Alvo dos banguelas,
Boca que se abre
Pra auroras e janelas.
Peço-te, Morte, que não
Me leves a caridade
De sorrir falsamente
Aos beijos da nata.
Dente de leite,
O mundo anda mole
E o amor está postiço
No aparelho da vida.
Saiba que alguém come,
Com sua dentadura,
Dente de leite,
As palavras coalhadas.
(VFM)

Entra
E
Em
Com
Tra.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

1 CONTO DE TERROR


Sempre fomos muito religiosos. Íamos à igreja todo fim de semana, em família, e orávamos diariamente. Estranhamos quando voltávamos pra casa e um cheiro de queimado infestava toda casa. Procurávamos, alardeados, pelos cômodos, mas não descobrimos o que era.
Com o passar do tempo, já desconsiderando o cheiro constante, mamãe começou a notar que a sua coleção de crucifixos, rosários e bíblias estavam sumindo aos poucos. Ela nos questionou, castigou e repreendeu. Eu e minha irmã negamos o ato e juramos por nosso senhor Jesus Cristo.
Certo dia, mamãe resolveu fazer faxina no porão de casa para colocar algumas coisas à venda. Tínhamos medo de ir lá pra baixo. Eu e minha irmã comentávamos entre nós que os pesadelos viam de lá, o que nossa mãe esbravejava. Foi quando ela ao adentrar na escuridão do porão, o qual as velharias adormeciam, que ela sentiu ainda mais forte o cheiro de queimado. Eu e minha irmã nos encontrávamos na sala brincando.
De repente, a porta se bate com agressividade. Mamãe lá embaixo ainda. Um calafrio percorreu meu corpo e o crucifixo que ficava pregado no alto da parede caiu. Não ouvimos nenhuma palavra. O silêncio nos assustava enormemente naquele momento.
Mamãe não ligou para a porta e continuou sua busca; a luz se esvaindo, o cheiro forte e o frio eriçando os pelos dos braços. Ela começou a orar, indo cada vez mais ao fundo, vasculhando a escuridão. No canto mais ermo do local, um bafo soprou-lhe a face, o que a fez recuar. Suas orações aumentaram e ela se agarrou a sua fé. Falava alto: "Deus é o todo poderoso e ele está no comando do mundo!", e repetia e repetia. Quando mamãe retirou algumas velhas caixas as quais encobriam uma certa fumaça, que ela pode ver aterrorizada de onde vinha o cheiro. As suas bíblias ardiam, página por página, misteriosamente, ao lado de outros crucifixos de sua coleção. Eis que mamãe recua após apagar as pequenas chamas, orando fortemente, e escuta gritos ensurdecedores. Ela corre, pois pensa que somos nós. Algo lhe agarra a perna. A luz se apaga completamente.
Da sala eu e minha irmã escutamos os gritos. Com falsa coragem, corremos até a porta do porão. Abrimos e gritamos por mamãe. Lá estava ela, se arrastando pela escada, os olhos revirados, nos olhando fixamente com terror, enquanto vomitava os seus crucifixos em borbotões.
(VFM)

Poesia sobre foto de Carlos Drummond de Andrade



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

quarta-feira, 27 de julho de 2016

QUADRA INTERINA


Temer convidou toda a imprensa
Pra vê-lo ir à escola, a galope,
Buscar o filho, que numa desavença
Disse à professora: "foi golpe!".

(VFM)

2 MINICONTOS DE TERROR


1- - Papai, a gente tem duas sombras?
- Não, minha filha. Por que?
- No meu quarto sempre tem um outro vulto que me persegue.


2 - A madrasta me pedia para não fazer barulho. Eu engolia à seco, enquanto ela martelava cada um dos meus dedos.


(VFM)

terça-feira, 26 de julho de 2016

DIA DAS AVÓS


para Elzira Magalhães e Aparecida Gervasio
Vovó com seu sorriso de foto antiga sempre fazia crochê com meus cabelos me enchendo de sonhos e esperanças.

(VFM)

3 MINICONTOS DE TERROR


1- Era só falar no nome dela que algum porta retrato caía.

2 - Intrigava-nos ver de manhã o teto da sala sempre sujo com marcas de mãos.

3 - Enquanto dormia, sentia um forte cheiro de flores. No momento em que acordei o caixão se fechava.

(VFM)