sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Continhos

1 - Carona

Seus olhos não conseguiram recusar a passagem dela.

2 - Pintor

Pegava as cores de sua aquarela para pintar a figura mais bela.
Mesmo assim, não conseguiu esboçar na tela, ela.


(VFM)

Amor

O Amor
Por fim
Existe?
Não sei!
Em mim
Ele insiste.

(VFM)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

NANOCONTOS

1 - Flerte

Recebeste uma flor do seu amante poeta,
Uma flor que se despetalou em letras.


2 - Procissão

Os pássaros voaram em luto.
Passáramos com o olhar em sombras.


(VFM)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

MICROCONTOS

1 - Previsão do Tempo

Chuvas de utopia no norte do pensamento,
Com possibilidade de dilúvio de poemas no fim do dia.

2 - Insônia

Mãe desnaturada de sonos perdidos.


(VFM)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MICROCONTO

Entrevista

- O que fazes?
- Sou Poeta!
- Não, não! Sua ocupação?
- Palavras!
- E isso rende?
- Versos!

(VFM)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

NANOCONTOS

1 - A queima roupa

O olhar foi fulminante e fatal,
Transpassou o peito,
Atingindo a rubra inocência.


2 - Hora

O tempo não marcava uma palavra,
Mas tinha hora marcada com o infinito.


3 - Overdose Literária

Acho melhor você parar de beber este Bukowski,
Pois já misturou demais com Rimbaud e não faz bem,
Já está dando muita Bandeira.


(VFM)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MINICONTOS

1 - Pavão

Sempre invejava a cauda do cometa.


2 - Louco

E conversava com seus botões... De-lírios.


3 - Musa

A beleza dela não cabia nos meus olhos,
Mas para o meu coração era do tamanho certo.


4 - Livro

Chorava páginas em branco com saudades das palavras.


(VFM)

Frase


Seu coração era um beco estreitíssimo, mal passava uma paixão mais bojuda.



(VFM)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Crônica no Tribuna Lagoana

Gota a Gota


É... Bem sei que nos acostumamos com muita coisa, mas não devíamos.

Não faz nem um mês e estávamos reclamando da sauna excessiva pela qual a cidade passava. Tirávamos as roupas mais frouxas e agradáveis para combinar com o bafo do tempo. O próprio sol se esgotava de tanto fazer calor. Todo dia a mesma coisa, era dar um passo na calçada para descer uma gota de suor, incômoda, pelos poros. E isso durou... E a gente se acostumou.

Dias a mais, poucos, para nos tirar da piscina e guardar nosso bloqueador solar, veio a mudança, um tanto quanto repentina: Chuva! Mas não foi dessas garoas refrescantes. Foi temporal. Consequentemente, tudo mudou. Comecei a notar a alteração climática da seguinte forma: estava andando pela rua quando um bando de pássaros saiu, aos montes, das árvores.

Mansinho e discreto começou a pingar, gota a gota, como se estivesse no fim, a esgotar. Logo depois, vazou das nuvens aquela cachoeira, as nuvens abriram a torneira ao máximo. E se segura! Não perdoou ninguém. Para quem não tinha lavado o mofo da alma, foi a oportunidade. A cidade, em minutos, fez-se água, somente apontando um prédio ou uma árvore mais girafa para sabermos que ali existe uma calçada.

Chuva, para mim, é alegria para arco-íris, assim ele se faz aparecer. Convenhamos, quem gosta de chuva? A mãe Natureza com suas plantinhas e a horta do Manoel no meio da Caatinga agradecem. Interessante pensar, porque sempre se coloca em filmes de terror ou em momentos de tensão e suspense o início de uma chuva. Chuva apavora. Espanta penteado. Apressa o passo. Chuva dá é medo!

E mais, como não se assustar com seus companheiros: o raio e o trovão. Um sempre anunciando o outro: um segue riscando o espaço com seu clarão, como se estendesse um tapete no céu, para dar voz ao estrondo. E nós, aqui, recolhidos, carregando a mesma frase de desespero: “Aí vem chuva das brabas

Eu, por sinal, não gosto de chuva, apesar de saber dos seus benefícios. Sei também que o seu excesso é devastador. A chuva lambe tudo, mas sempre deixa um rastro d’água, como se dissesse: “Passei aqui!”. Quantas vezes não vemos os vários desabrigados, flutuando sobre um móvel, parecendo marujos sem aventura nos olhos, inocentes, tentando lutar contra a fúria das águas, inutilmente.

O pior é sair em períodos assim, chuvosos. Eu, como não me ajeito com a tal chuva, não levo medo no corpo, eu enfrento-a sem proteção, guardo a chuva nos ombros, e caso ela me pese ou molhe demais, ponho-a no bolso, junto com a chave de casa. O problema não é só ensopar, o perigo vem também com as inúmeras sombrinhas que ziguezagueiam, dominando as calçadas. Umas, como sempre, mais maldosas, tentando acertar um olho distraído, ou obrigando você a afundar numa poça.

Acho engraçado este desfilar de sombrinhas, cada uma no seu estilo: colorida, xadrez, clássica. E tem também aquelas capengas, toda quebrada, que o dono não larga mesmo, fica desviando dos pingos numa proteção mal armada. Eu, por falta de costume, já perdi as contas de quantos guarda-chuvas deixei órfão. Porém, a chuva também deixa muita gente órfã. Quando a tristeza no céu é tamanha, haja lenço para secar tanto chororô aqui embaixo.

Queira ou não, chover se faz necessário. Bom mesmo é a vontade que a chuva nos traz de ficar deitadinhos em casa, vendo um filme que nos distraia, com uma companhia para nos fazer cafuné. Quem dera pudéssemos, quando chovesse, ficar sempre assim. Mas, chuva é chuva: refresca, limpa, dá vida e afoga. Ela faz parte de um ciclo.

A gente não devia, mas acabamos nos acostumando com tudo. E como percebo que o fim de semana será chuvoso, ficarei em casa, confortavelmente deitado, vendo a chuva lá fora, trancada. Deixo-a lá, batendo nas coisas. Não a deixarei entrar.

Não digo que estou me acostumando com a chuva, mas, estou gostando de me acostumar, em tempos assim, de abrir um bom livro, com o som das gotas na janela, e sentir, gota a gota, o mistério de cada palavra.

Gosto de me desaguar num livro.

(VFM)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MINICONTOS

1 - O Regresso

- É... já vi que nada mudou.
Disse a puta ao voltar, tempos depois, pra zona.


2 - Caveira

Os ossos sempre pressentiam a sua presença.
Suavam. Maldito cão!


(VFM)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nuit Blanche

Toda a beleza do amor a primeira vista...


Nuit Blanche from Spy Films on Vimeo.

MINICONTOS

1 - Ressaca

A cabeça doía dos tantos sonhos da noite passada.
Tinha exagerado na dose. Pensar nela dava náuseas.


2 - Margarida

E assim ela vivia lamentando o por do sol, sempre aMARGA IDA.


3 - Relógio

Atrasei em dois minutos a hora
Para poder sonhar contigo mais tempo.


(VFM)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

NANOCONTOS

1 - Ébrio 2

Olhos bambos. Pernas vesgas.
Todo dia a mesma boemia.
Bebia litros de melancolia.

2 - Tísico

Tossia sem parar todas as letras do seu último poema.

3 - Flash

Corria o máximo possível.
Passava por cima de tudo,
Só para deixar os problemas pra trás.


(VFM)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

NANICONTOS

1 - Nuvem

Não demorou para parir uma ninhada d'água.


2 - Classificados

Vende-se o vaguear de uma manhã na longa repetição de áureo abandono.
Interessados, favor tratar com o desassossego da noite.


(VFM)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Frase


Cansei de ouvir o barulho do tempo e o fim das horas. Os anos rastejam tão coloridos, que até parece que eu brilho ao contrário.

(VFM)

MICROCONTOS

1 - Baile

As mãos dançavam sobre o papel de braile.


2 - Morte

Para ele, parecia um vento brando...
Só a Morte que nunca reparou
Que seu beijo parecia um sussuro.


3 - Tombo

Cai o dia... Mal tive tempo de segurar o relógio.


(VFM)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NANOCONTOS

1 - Formiga

Acabou se enroscando no açúcar da rosca.


2 - Confissão

- Padre, tem como apagar os pecados?
- Meu filho, você precisa se arrepender e rezar três ave-marias.
- Ok! Estou arrependido! Mas me ajuda então a sumir com aquele corpo ali.

3 - Hipocondríaco

Estou doente! Preciso dar um jeito no meu coração,
Que está todo contaminado de amor.


(VFM)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

MINICONTOS

1 - Guerra

Logo após o fim da guerra,
O combatente olha a paisagem e exclama:
Pela primeira vez fico triste
Por ver um jardim cheio de flores cor de sangue!



2 - Viajante

Voltou, depois de anos, sem nenhuma mala nas mãos,

Mas carregava uma mágoa enorme no peito.


(VFM)