sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Se na janela não batesse, rude, a mão do sol eu dormiria mais arejado na sombra. Tenho que mudar os ventos da rosa da cama, assim o sonho se ajetaria melhor na relva celeste.


(VFM)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Frase


Deixo meu bom dia nos lábios da manhã. Veja-beija ele rompendo a cortina, como um sol doméstico.

(VFM)

Fraseado


O Poeta escreve com lágrimas no céu da cidade. Inquietas, as nuvens ficam na poesia nubladas.

(VFM)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

NANICONTO

Atleta

Após a medalha de ouro no Panamericano, ela voltou para seu país e recebeu um home-ménage.



(VFM)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crônica no Tribuna Lagoana

O rio


O rio estende suas veias para sangrar no mar.



Quando criança, lembro que me esquivava das águas, arisco, como um gato. Meus banhos podiam ser feitos do orvalho. No máximo! Com o tempo, um pouco na marra, aprendi a amar estes mergulhos. Hoje, olho demoradamente para as águas. Muito influenciado pelo rio da minha cidade.

Os rios, para mim, caminham tortos por estarem empanturrados de água, bêbados. Mas, mesmo em movimento, eles não tropeçam em musgos ou escorregam em pedras. Eles se colocam em curvas para dar mais corpo à natureza. Os rios não correm em solidão, levam, ‘comtudo’, memórias do chão. Quanto eles já carregaram das minhas iscas – lágrimas - de amores, que vêm e vão; das bolas de futebol jogadas além dos portões; do meu corpo, a boiar, a se cansar, no seu trajeto, pelas suas mãos.

O caso dos rios não é se eles são fundos ou rasos; porém, por andarem aos trancos, como um princípio de sonho, eles te levam a ver o mundo, e você é guiado pela imaginação. Sempre quis saber onde eles nascem; a demora para sua fecundação, e, se morrem, para qual céu vão. Nasceriam das cachoeiras mal dormidas? Ou, quem sabe, das águas campeãs? E por que tanto correm? Seria atrás de uma saudade sem fim?

Que seja!

Os rios gorjeiam nas cachoeiras para ter a liberdade das aves. Já carregam o farfalhar da revoada, voando em gotículas. Eles enfeitam as cidades com seu barulho orquestrado. De longe, ouvimos o cantarolar e rebuliço das águas, às vezes, calmas, noutras, assustadas.

Na verdade, convenhamos, os rios gostam de dar nome as flores, as quais brotam com a sua presença. Ah! Claro! Não podemos nos esquecer da grande paixão dos rios: a chuva! Ela bem que contribui para dar mais ânimo aos passos das águas, que vão ao sabor do destino e dos desvãos. Penso que a chuva vive a cortejar os rios, numa mensagem erótica, estendendo-os de gozos. E quando brigam coloca-nos em secas a amargurar a situação.

Os rios também são ótimos contadores de histórias. Deve ser por isso que estão sempre a murmurar fábulas, a nos molhar de poesia, romanceando em nossos ouvidos. Os rios já viram de tudo! Todo tipo de confusão.

Os rios vivem de amores. As canoas que alisam o seu leito num cafuné; As crianças que cirandam no teu corpo, num afago... Todo rio quando o vejo, dele me despeço. O rio vaga. À vezes vai marchando o destino. Às vezes monta a aventura da vida. Os rios vão e vão... Escrevendo-me de saudades.

O rio da minha cidade, tipicamente mineiro, que a divide cirurgicamente, põe-lhe a costura de mais vida. Segue ele sem se despedir? Acho que não. O rio da minha cidade carrega no nome o cocar tupi-guarani: “Lugar onde peixe para”. Rio Piracicaba! Como fez minha felicidade nas pescarias, no banho do meu olhar. Ele sempre me ofertou com toda sua riqueza.

O rio da minha cidade brincou com minha infância. Rabiscou os meus dias de lembranças. Jogou bola com meus erros. Pôs espuma na minha memória.

Agora, eu o levo comigo, mesmo à distância, a banhar todo o meu ser. O rio da minha cidade é um peixe em mim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Funeral

A poesia morta dos mortos.
Versos amarelecidos,
Fotos dos esquecidos,
Corpos presos em portos

De fria e pátina lembrança.
Refúgio das dores,
Emboloradas flores,
O sono do velho e da criança

Avultam em forma lapidar.
Uns tristes morreram,
Outros mal entenderam
O vago vestígio de amar.

Restou na verdade
Cruzes na cidade
Almas que são o mar.


(VFM)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Madrugada


Era tão tarde...
A lua já se largava, preguiçosa, no céu;
As estrelas, peraltas, bagunçavam os negros cabelos da noite;
... E o teu olhar, revolto,
Feria a hora com sua madrugada.






(vfm)