segunda-feira, 12 de março de 2018

UM PORRE COM BUKOWSKI



(Pelos 24 anos de morte do velho safado)

Nunca chamei de PORRE
A sensação de despertar,
Após uma noite de loucura,
Como se tivesse sido
Atropelado pela Variante
Do pai da sua ex-mulher.
Eu sempre chamei isso de Amor.
Amor que nos seca a boca
Feito um antidepressivo
Que engolimos quando
Achamos que estamos
Atolados em merda.
Amor que nos explode o crânio
Na dúvida de uma cefaleia,
Uma bala de revólver ou
Uma ambulante traição.
Amor que nos faz passar
Horas prostrado na cama
Ou nas preces do banheiro,
Balbuciando um nome,
Regurgitando a lua mestiça.
Amor que nos tira do lugar
Aos pontapés igual ao
Segurança do prostíbulo.
Amor tem esses frenesis
E distúrbios de um fogaréu
Vivo de tesão e perfume.
Por isso, tenho persistência
(Talvez um pouco de sorte)
E aceito, ancorado no balcão
De um boteco miserável,
Qualquer sorriso melancólico
Que anime meu coração
A pagar por um sentimentalismo
Barato. E possa acordar,
Apesar do sol inimigo, ciente
De que o amor é tudo um porre
E que vale a pena o amor,
Já que ele é a soma de
Todos os meus erros.

(VFM)

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