sexta-feira, 20 de maio de 2016

POEMA DOS 7 DISFARCES


quando eu nasci,
um anjo depois do aborto
disse: vai, Raimundo. você é da vida.
as casas engolem os homens
que correm atrás da sacanagem.
a vaselina vende-se de norte a sul,
como senão rolasse também beijos.
o busão anda cheio de gente,
pretas, brancas e amarelas.
para que tanto cheiro, meu deus,
perto da nossa razão.
porém, as tímidas
não dizem nada.
a travesti aqui não é amada`.
é linda, metida, da zona.
quase não versa.
tem poucos pelos, raros,
atrás de toda maquilagem.
meu deus, porque não me fornicaste
se sabias do meu tesão,
se sabias que a carne é fraca.
eu já comi um Raimundo.
e também me chamo Raimundo.
pobre rima sem ereção.
no fundo, no fundo,
quem goza é a corrupção.
Você não quis crer,
mas eu sou tua;
mas esse meu boquete
bota a gente como quiabo.
(VFM)

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