quinta-feira, 26 de julho de 2018

CONTAS


Já não pago mais as contas.
Ah, mãe! Venda o que achar.
Já tô com as malas prontas
Vou embora pra algum bar.

Sei que serei um boêmio
Bem eleito pelo povo,
E se eu vencer de novo
Ganho uma conta de prêmio.

Na vida paga-se tudo,
Nem morrer é de graça.
O médico foi bem rudo,
A dor do tapa não passa.

Tento. Por mais que trabalhe
Tenho que pagar quem devo.
Tento. Por mais que eu fale
Dívidas são o que escrevo.

Nada mesmo afugenta
Os credores, os carteiros.
Sorrir não é ferramenta
Para pagar os primeiros.

Toda conta é tortura,
Grande tristeza extrema.
Conserve, mãe, a fatura
Como último poema.

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