quinta-feira, 19 de abril de 2018

MINHA PASÁRGADA



(Aos 132 anos do Manuel Bandeira)

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um passeio pra Pasárgada.
Que dor me dava na máquina dos olhos.
Porque Pasárgada era um quarto
Descascado no ramo de um orfanato.
Levaram-me com raízes queimadas
Pras chuvas loucas e camas
Rangentes de violinos.
Eu não gostava dos espelhos vigilantes.
Queria era estar nas alegrias
Extáticas e azuis dos passarinhos.
Pasárgada devorava com relâmpagos
minhas inúmeras letrinhas.

- Pasárgada foi a terra do rei e minha
tristeza aplainada de poeta.

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