segunda-feira, 4 de abril de 2016

ÚLTIMO TRAGO


ela catou uma guimba de cigarro no chão ainda acesa
e deu o último trago. imaginei o gosto de filtro lhe ardendo
nos lábios, tudo por falta de beijos ou sorrisos. eu queria
lhe pagar um drink e dizer pra sentar comigo essa noite.
ela sorriu enlouquecidamente pra mim e veio descalça
calejando ilusões. pediu-me um cigarro e ofereceu
sua porção morna de amendoim por dois reais. comprei
talvez algum sonho futuro, pois meu amor é mais barato
do que aqueles olhos vidrados da noite passada.
ela logo se foi. levou a pedra do meu coração pra fumar
perto de algum anúncio de sapatos femininos.
e se esfumou.
(VFM)

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