segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ad eternum Vovó

Em homenagem

Como precisamos de elogios. Como deles, nós, evitamos falar. Em mera multidão sou ninguém, mas como, para mim, alguém pode ser tão grande e importante. Minha avó era assim. Levava-me aos mais divertidos programas, que todas as crianças me olhavam e diziam: “É um menino de sorte!”. Querer com vó é ter estrelas e navios, figurinhas raras e dois mundos na palma da mão, sonhos realizados. Tudo podia com minha avó: Fazer estripulias avulsas, sem constrangimento.

Avó é sinônimo de obesidade: “Come, netinho, come mais!” Uma desenfreada gulodice provocada. Se não fosse ela, talvez, eu não seria o continente de sabedoria e vivência – da vida- que tenho. Minha avó é mais que um retrato de infância. Minha avó, Elzira, é uma semideusa, que Deus só recolheu para que ela ficasse mais perto dele.

Avó é peça sagrada, já dizia isso desde menino. Mais... vó é imortal, senhores! O alicerce da família, nossa certeza genealógica de felicidade. Vó tem que gritar, anunciar aos ventos. Sempre carreguei nos bolsos seus ensinamentos: Grande somos nós mesmos! Vó também é reclamação: “Cuidado aí, menino!”. Quer prova maior do que a sua segurança? Vó pula distâncias, engole dores, nos salva das pequenas bagunças: “Não fui eu não, vovó!”.

Algo que aprendi é o sentimento de vó: amor puro e pleno. Bem sei que minha avó adorava a vida. Riso era adjetivo de bom dia, boa tarde e boa noite.

Perguntam sobre o infinito? Curto o universo, a alma, o átomo. Realmente é de se esconder, pois é só olhar as avós e o que mais dizer?!

“Minha avó, para muitos, não era ninguém. Mas nunca houve ninguém igual a ela".

(VFM)

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