Ao Dia Mundial da Poesia! ❤
Predominava
Em toda minha roupa
Seu corpo todo
Em sílabas e folhas.
O vento inesperado
Sacudia as
Palavras e
Amarrotava as
Madrugadas
Dos relógios.
Eu me perdia
Por dentro
Só para você ficar.
O seu cheiro de terra
Tornava tudo
Muito cotidiano.
A tarde de chuva
Entrava em
Toda a roupa,
Organizando
Minha solidão.
Suado num recanto
De memórias,
Encardido com
Os pequenos lugares,
Predominava
Em toda minha roupa
Um resto de casa,
Uma marca de abraço,
A rua atropelada,
O teu corpo todo.
Por nada a roupa
Tirava, mas rasgava-me
Com a mesma pedra
Faca argumentos
E dor.
Sei que a roupa
Não me servia.
Andava apertado
Pelos muros da vergonha.
No entanto,
A idade pregada na
Roupa me chamava
De amor.
Predominava
Em toda minha roupa
O poema inconcluso
Do aroma suficiente
Da sua última lágrima.
E eu usava sempre
A mesma roupa
Só para usar seu
Corpo todo.
O JARDIM DE CIMENTO, de Ian McEwan
Há 45 minutos
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