a criança perguntou à sua mãe
como se faz uma onça.
A mãe respondeu que primeiro
é preciso escrever um poema
sobre a sombra de uma árvore
cansada e colocá-lo numa mala.
depois despacha-se a mala
com o poema dentro para
algum lugar clandestino.
Agita-se antes de usar e
deixa agir entre uma verdade
que é uma outra verdade.
quando a memória, sem querer,
rugir, a onça estará pronta
para devorar a felicidade
insuportável dos espelhos.
a onça vai conseguir
caminhar pelos mistérios
dos asilos e lamber a mão
que balança o berço,
diante da selvagem
intolerância dos outros.
Sirva a onça à vontade
antes que ela crave em
alguém seus olhos tristes.
(VFM)
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