ainda, sim, há luz
na boca que voltamos
para queimar a língua,
naquele último trago
do silêncio.
na boca que voltamos
para queimar a língua,
naquele último trago
do silêncio.
ainda, sim, há luz
para buscar palavras,
recusadas em cinzas,
e que dão gosto
de dizê-las sem sal.
para buscar palavras,
recusadas em cinzas,
e que dão gosto
de dizê-las sem sal.
ainda, sim, há luz
nas tuas mãos abertas
para construir a caligrafia
e o caminho mais curto
para o nada.
nas tuas mãos abertas
para construir a caligrafia
e o caminho mais curto
para o nada.
ainda, sim, há luz
num pedaço de vidro
ou no punhal duma sombra
em que os relógios dizem
as horas claras.
num pedaço de vidro
ou no punhal duma sombra
em que os relógios dizem
as horas claras.
ainda, sim, há luz
determinando o destino,
em nó de profecias,
para sobrar em tua casa
manhãs gigantes.
determinando o destino,
em nó de profecias,
para sobrar em tua casa
manhãs gigantes.
ainda, sim, há luz
nos segredos fingidos
e no céu que escrevo
sobre árvores choradas
incendiando o varal.
nos segredos fingidos
e no céu que escrevo
sobre árvores choradas
incendiando o varal.
ainda, sim, há luz
na geografia das paredes,
onde, lançado em loucura,
possamos beijar a solidão
dos amantes.
na geografia das paredes,
onde, lançado em loucura,
possamos beijar a solidão
dos amantes.
ainda, sim, há luz
para atestar o desassossego
e estender pelas ruas
a saliva que arde no
improviso da cegueira.
para atestar o desassossego
e estender pelas ruas
a saliva que arde no
improviso da cegueira.
ainda, sim, há luz
para acender todo
o esquecimento,
e dizer que foi a última
lembrança.
para acender todo
o esquecimento,
e dizer que foi a última
lembrança.
ainda, sim, há luz
no silêncio que queima
a boca, naquele
último trago, que
(talvez) voltamos.
no silêncio que queima
a boca, naquele
último trago, que
(talvez) voltamos.
(VFM)
Nenhum comentário:
Postar um comentário